Sobre

A ideia de nome para o blog surgiu de uma troca de e-mail com uma amiga minha e grande conselheira também. Em um dos meus vários dias de desespero, dor, angústia e muitas lágrimas, enviei algo dizendo a ela, que eu não estava suportando mais, e ai ela me disse;: "eu entendo a sua dor, angústia e desespero sei o quanto é ruim estar só", mais nunca perca a esperança de que o Amanhã Será Melhor que Hoje. Era um dia horrível daqueles onde minha principal vontade era de desaparecer do mundo. Então essa frase passou a fazer algum sentido pra mim, mesmo que nada a minha volta tivesse sentido. A vontade de criar o blog surgiu derrepente, seria bom poder contar, seria bom poder gritar ao mundo o que sentia e o quanto aquilo estava me consumindo durante anos.

 Tomei realidade de mim aos meus 15 anos de idade. Onde todas as meninas visualmente normais e comuns a minha volta estavam sonhando em ser "princesinhas" eu estava perdida dentro de mim. E em uma brilhante ideia de ser boa em algo decidi ser a Protetora do Mundo e lá estava eu a Maya ajudando com carinhos, amor, dedicação, companheirismo, beijos, abraços, uma palavra de animo ou uma de bronca ajudar todos a minha volta. Criei um personagem, criei uma Maya cheia de vida, alegria e saúde. Quando na verdade só eu sabia quem realmente era quando estava só. Uma pessoa triste, angustiada, cheia de medos, incertezas e sem coragem de dizer o que eu sentia. Eu me sentia péssima em tudo que fazia e acreditava que tudo estava ruim. Porém mal sabia eu que aquilo ainda era o comecinho, e que o navio a titulo "eu" ainda tinha muito a nadar, até bater na ponto de um gigantesco iceberg. E tudo se desfazer diante dos meus olhos.

 Não posso dizer que não fui Amada pois uma das principais qualidades da minha família no meu ponto de vista foi me dar amor. Eu fui  uma criança feliz, brincava, corria, tinhas vários amigos e gostava de uma certa forma de mim. Mesmo sendo criança, eu entendia minhas dores, e ideias paranoicas e meus medos como normais para a uma criança. Pois  eu ja tinha uma maturidade incrível para pouca idade. 
 Eu nunca gostei de ser a "coitadinha", vim de uma realidade Brasileira clássica. Pobre, negra, sem a presença paterna (do pai), constante em minha Vida, de uma ausência de Mãe, pois ela precisava trabalhar, por que eu precisa comer e vestir, criada na maior parte do tempo em escolas e com meus queridos e amados avós (que já se foram) José e Olga. Tudo a minha volta poderia me dar o direito de não escolha para o que quisesse, porém eu sabia que eu tinha uma escolha.

 Uma adolescência bacana, rodeada de amigos. Não aqueles famosos 2 mil que vemos em redes socias. Eu tinha os meus amigos e sei que eles eram verdadeiros. Me orgulho de sempre ter dado o meu melhor pra eles, e sei que eles guardam uma imagem boa de mim. Minha alegria e brincadeiras constantes trazia varias gargalhadas pra eles, e isso pra mim não tinha preço. Eu vive o meu ensino médio inteiro bem a vista de todos, meu personagem atuava bem e eu tinha total controle sobre ele. A questão era, quando não havia ninguém a vista. 

 Os anos foram passando, eu como qualquer ser humano vivo, fui crescendo. E o meu personagem estava sempre ali, crescendo comigo. Depois de tantos anos tendo total controle de tudo a minha volta. Chego o dia em que eu  não sabia mais o que fazer, estava perdida, enlouquecendo, me sentia enterrada dentro de mim mesma. O navio estava a todo gás e a ponto do iceberg adiante sem que eu pudesse vela. No ano de 2013 tive uma noticia magica, daquelas que toda mulher sonha em ter um dia. Eu estava gravida! A partir daquele dia, um turbilhão de emoções e sentimentos, e tudo o que se possa descrever aconteceram comigo. Durante esse período meu personagem já me mostrava sinais de desgasto de cansaço de que a qualquer hora ele iria tombar.
 Eu tive uma gravidez boa (tirando aqueles enjoos chatos). Os 9 meses se passaram e dia 17 de Maio de 2014 as 19h20 de um sábado Joaquim Ramos Batista nasceu. Confesso que de um modo estranho não gostei muito dele. Mas no instante que ouve aquele primeiro choro, descobri o real significado da palavra  Amor.
 Foi tudo normal, a amamentação, os dias de recém nascido, a vida a dois pois agora eu era uma mulher (casada), ter as minhas próprias coisas e poder mandar nelas. . . Em fim, tudo o que imaginamos ter e fazer em nossa casa. Assim os dias e meses se passaram.

 Era uma experiência fantástica ser esposa, ser mãe, ser dona de casa, poder ditar algumas regras e ideias, claro que a convivência a dois tem seus dias de (altos e baixos), mais na maioria do tempo é muito bom. O amor, a companhia, as brincadeiras, risadas, o companheirismo a parceria. Tudo o que eu idealizei na minha mente sobre o começo de ter a minha família  estava ali diante de mim sendo realizada. Lembrando que o personagem Maya estava ali. Claro que agora eu deveria atuar um milhão de vezes melhor, pois haviam duas pessoas a me olhar e que de uma certa forma precisavam de mim, e principalmente esperavam coisas de mim (boas ou ruins), mas na minha cabeça eu só poderia oferecer a eles coisas boas.

 Mas uma vez as horas, os minutos, os segundos, os dias, meses foram se passando. E em determinadas vezes do dia, o personagem dava "tiuti" pani elétrica, como se os mecanismos criados por mim falhassem. Desenvolvi de alguma forma  panico de certas coisas a minha volta, de certas situações que acontecessem. Passei em determinados momentos a perder o controle de mim e ficava paralisada sem saber o que fazer. Eu estava acostumada a ter o controle de mim, dificilmente eu demostrava fraqueza, que era o meu pior medo. Em um jeito "estressante"  eu falava, chorava (chorava muito), falava com medo de que me descobrissem, com pavor de que eu não conseguisse mais seguir com o que sempre foi.

 Lembro que em determinadas horas a minha vontade era de contar. Depois de tantas anos, criei também métodos para quem convivia comigo,  para quem estava comigo diariamente percebesse o que eu queria dizer. Eu cheguei de uma maneira confusa explicar e contar, porém não obtive sucesso. O medo do fracasso, e  dos julgamentos era aterrorizantes pra mim. Eu precisa manter o personagem vivo, mesmo que minhas capacidades não me permitissem mais. Tive vários crises, varias demostrações de não estar bem, de não ter mais o controle. Porém eu pensava, respirava e me convencia de que eu iria ficar bem e que aquilo não era nada. Eu poderia aguentar pra sempre, sem ser descoberta. 

 Eu criei algo que nitidamente, apalpavelmente existente. Porém não era real. No ultimo ano depois de vários acontecimentos e ocorridos. Eu não reagia mais como antes, as paradas que eu tinha repentinas, e a perda do controle que antes só ocorria as vezes e eram raras essas vezes, passaram a ser contatantes e cada vez mais presentes. Já tive dias nos quais para não estragar tudo (por que era assim que me sentia) eu ficava quieta, planejando na minha mente o que fazer. Minha mente estava fraca e estar e me sentir fraca era assustador pra mim que sempre demostrei força. Os detalhes são inúmeros ficariam (massante) contar todos. Mas. . . Chegou o dia que eu vi o meu personagem desmaiar, cair lentamente diante de mim. Eu não conseguia mais, o peso me sobrecarregou ao extremo do limite que eu pensei que pudesse suportar. 

 A descoberta do que eu sentia e o por que de tantos anos sendo daquela maneira veio de uma forma sutil e pra mim muito impactante. Eu estava em uma reunião que acontece uma vez por mês na igreja onde congrego há 15 anos. Lá na frente estava uma pastora (psicologa) e ela começou a dizer;: "você não quer ver ninguém, a culpa, a dor, a angústia, as lágrimas, o medo, a visão de olhar tudo e se sentir um nada". Ela não parava. E antes que eu pudesse começar o que pra mim seria eu mesma dizendo, só que através dela. Me levantei da cadeira onde, eu estava em lágrimas, soluços. 

 Foi incrível, impactante me ver falando mais não era eu, mas era sobre mim. Eu mal sabia o que sentir, mais eu queria ouvir tudo. Eu gostaria de saber o que eu tinha quem eu era , então as palavras ditas por ela naquela tarde saiam, e com a mesma freqüência, as lágrimas (sem parar), sem que eu pudesse controlar saiam de mim também. Eu queria ouvir, mais era muita dor de uma vez só. Era um alivio mais também era assustador. As palavras saiam, saiam e de repente ela disse DEPRESSÃO. Como assim? A resposta sobre quem eu era o que eu tinha havia chegado. Passaram alguns meses desde aquele dia e sentindo aquelas dores, angustias, medos. Eu precisava saber. Me vi na sala de um medico (especializado na areá), minutos de conversa se passaram e a palavra DEPRESSÃO se fez constante e ecoava outra vez. O olhar e as palavras diziam;: você sofre de uma depressão severa, que exige tratamento imediato. 

Não tinha mais nada o que ser feito nem dito. Eu só queria ter o direito de SENTIR aquela dor, a minha Dor.


 



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